Fazia muito tempo que minha amiga Fá me cantava para um S. João no interior, para encontrar umas festas autênticas, com um bom forro de sanfona, zabumba e triangulo, além de engordar alguns quilos com as delícias de milho. Este ano topei. Adoro as festas juninas, acho mais alegre e divertidas que as festas de fim de ano, que prá mim tem um quê de melancolia.
A idéia era irmos de carro até Patos, na Paraíba, nos hospedarmos lá e dali ir passeando pelas cidades vizinhas. Além disso queríamos ver o sertão “reverdecido” com as chuvas, fazendo frio à noite.
Saimos de Natal rumo a Patos, fazendo esse percurso:
A viagem em si já foi um barato total. Saimos cedinho e já paramos para um café no “Coisas da Roça”, um restaurante muito simpático que tem na BR304, no trecho conhecido como Reta Tabajara. Super recomendo.
A estrada estava ótima, a paisagem verde, molhada, com alagados aqui e ali, do jeito que a gente gosta de ver esse nosso Nordeste. Até Acari eu já conhecia, mas lá tomamos uma outra estrada para Parelhas, cidade pequena mas muito arrumadinha. Já tinhamos observado que a “moda” agora é cada cidade ter um portal de entrada. Alguns são ridículos, mas o de Parelhas eu achei muito bonitinho
Mas a grande surpresa foi Equador, ainda no RN, mas quase na PB. A região é meio serra e, no meio do verde da vegetação, afloram umas pedras brancas incríveis. Algumas são recortadas de um jeito, que parece que tem a mão do homem no meio. Outras formam figuras, pelo menos na nossa visão. É uma coisa muito bonita pelo inusitado. Descobrimos que essas pedras são calcários, e existem várias fábricas (?) de cal por ali.
Chegamos a Patos por volta das 2 da tarde e encontramos a cidade em uma agitação só. Toda enfeitada, bandeirinhas, postes cobertos por chitas coloridas, as casas enfeitas com chita, isso tudo com um clima ameno e gostoso. Devia estar uns 28 graus, o que para Patos é inverno brabo.
Mas ai aconteceu a decepção: só na praça que paramos tinham pelo menos uns 3 carros parados, com seus porta-malas abertos e os paredões de caixas de som emitindo um barulho (não posso chamar aquilo de musica) ensurdecedor da pior qualidade. Putz!
Patos é uma cidade de jovens. Possui 3 universidades públicas, 1 instituto tecnológico e algumas faculdades privadas. Isso faz com que haja uma população grande na faixa entre os 18 e os 25 anos. Para uma cidade do interior isso é ótimo, para as festas tradicionais isso é péssimo. O gosto musical dessa garotada é deplorável. Acho que deveria ser obrigatório nas escolas uma matéria sobre iniciação musical.
Por aquela amostra vimos logo que não ia rolar aquele S. João que queríamos, com um bom forro. A propósito me recuso a chamar forró-pé-de-de-serra ao autentico forró. Forró é com sanfona, zabumba e triangulo, o resto é um bando de idiota se remexendo num palco, com as meninas rodando as cabeças e os “cabras” cantando músicas de duplo sentido, geralmente com frases que depreciam as mulheres. Os meninos adoram e as meninas, idiotinhas, nem se apercebem que estão reforçando um machismo decadente.
Ficamos hospedadas no Hotel Souto Maior e quase não arranjavamos onde ficar. Estava tudo lotado. O Souto Maior é um hotel super simples, com 2 andares sem elevador, mas com um pessoal super simpático e tudo muito limpo. Infelizmente o colchão era mole e minhas costas reclamaram muito. Mas estou falando nesse hotel por dois motivos: 1. Na entrada há uma estátua, escultura, imagem, sei lá como se chama, de Frei Damião que é uma coisa pavorosa; 2. nos apartamentos do segundo andar, no meio de toda a decoração espartana, eles fizeram uma coisa linda: decoraram o interior do local dos armários com umas pinturas de estêncil muito gracinha. Outra coisa surpreendente.

