Moro em uma cidade de praia, numa região das mais belas praias do Brasil, assim, quando viajo, lugares de praia não me chamam a atenção. Quando vou a Argentina nunca penso em ir a Mar del Plata, nem ir a Punta del Este no Uruguai, e nunca tinha pensado em ir a Valparaíso até que li um post no blog do Ricardo Freire (http://www.viajenaviagem.com/) falando muito bem de lá. Além do mais, Ary tinha a informação que se fossemos de carro, ficava muito perto da Isla Negra de Neruda, o que é verdade.
Valparaíso e Viña del Mar são cidades gêmeas, mas, ao que parece, gêmeas bivitelinas, porque são bastante diferentes uma da outra. Enquanto Viña del Mar é o balneário clássico e elegante, Valparaíso nem um balneário é. Antigo principal porto do Chile, ela trás as marcas de uma certa decadência no prédios descuidados que estão na sua parte baixa. O comercio é bastante popular e agitadíssimo; o trânsito, uma loucura. Mas é tranquilo caminhar no longo parque que acompanha a Av. Brasil, ainda que ele esteja mal cuidado.
Ai voce olha para os morros (cerros) ao redor e imagina que está vendo uma Rocinha arrumada. Casas à perder de vista, em todos os cerros. Mas de forma ordenada, moradias de classe média, artistas e curtidores em geral. E aí está a parte descolada da cidade. A mim lembrou incrivelmente Olinda, com um pouco de Santa Tereza, no Rio. Ruas estreitas, com calçamento de paralelepípedo, algumas ladeiras e casario de outras épocas transformados em restaurantes, bares, café, galerias de arte, pousadas.
Uma característica interessante, e que não tem nada a ver com Olinda, é a grande quantidade de prédios de zinco. Na verdade, com revestimento de zinco, coloridos, dando um ar muito alegre a cidade. Ficamos especulando o porquê do zinco e nos ocorreu que deve ter a ver com proteção contra o vento frio. Será?
Mas, o que mais me chamou a atenção foram os grafites. Quem me conhece sabe como eu gosto dessa arte de rua. Me encantam! Fotografei o que pude, mostro os melhores.
Infelizmente tivemos somente uma tarde por aqui, com tempo apenas para um sorvete em uma galeria de arte, olhando o mar lá embaixo. Valpo é para se passar pelo menos três dias. Mas ela não perde por esperar. Voltaremos.
Claro que não fomos a Viña del Mar. Nada mais entediante do que um balneário elegante depois de se passar pelo pitoresco de Valparaíso.
Uma consideração sobre “Valparaíso, ou Valpo para os íntimos”