Chuva pode ser um grande inimigo de quem viaja, mas quando não dá pra esperar passar ou quando se trata de intrépidas viajantes como nós, o jeito é encarar. Sombrinha na mão, calcei minhas botinhas imitação da Ugg, que custou 18 euros em Roma, e fomos embora. O plano era bater perna no centro histórico e comer na Plaza Nueva.
A chuva estava quase uma tormenta. Ruas empoçadas. Minhas pobres botinhas não deram conta, e a pior coisa é um pé com meia molhada. Resisti, mas não tive outra opção que não fosse comprar um sapato que aguentasse a água. Vimos e experimentamos varias botas, mas quando perguntávamos ao vendedor se poderíamos enfrentar a chuva, todos foram unânimes: “para mucha lluvia lo único que resiste es bota de goma”. Ou seja, galocha de plástico! Claro que não ia comprar um troço desse, nem a pau. Terminamos achando uma de couro, por um preço bastante razoável, que tem resistido, desde que no auge do aguaceiro a gente se enfie na primeira loja que aparecer.
A Plaza Nueva ou Plaza Barria (em Euskera), é aquele estilo da Plaza Mayor, de Madrid: um imenso retângulo cercado de edificações, com alguns locais de acesso. Bom, ela não é tão grande nem tão bonita quanto a de Madrid, mas o “espírito” é o mesmo. Em todos quatro lados, inúmeros pequenos bares de pintxos, cheios de gente, o povo bebendo do lado de fora, não só porque os lugares são muito pequenos, mas porque as pessoas fumam, e como fumam!
Seguindo a tradição entramos em um, pedimos nossos pintxos e “una caña”, que é como chamam o chopp. Comemos e bebemos e fomos noutro continuar a farra. Pedir o vinho, tudo bem, você só tem que escolher entre tinto ou branco, porque é sempre o “da casa”, mas pedir os pintxos é complicado. São muitos, com “caras” ótimas todos e sem a gente saber exatamente o que tinha naqueles enormes canapés. Escolhi sempre pela cara. Olhava, gostava do jeitão, pedia. Em um dos bares pedimos tortillas e aí foi mais fácil. Tinha até uma inusitada tortilla de carbonara!
O legal de você beber quando chove é porque você sai do bar, bate um vento frio na cara e toda a possível bebedeira desaparece.
À noite ainda fomos comemorar meu aniversário no Café Iruña, um tradicional lugar no Parque Jardins de Albia. Foi um dia mesmo dedicado aos prazeres da mesa.